terça-feira, 28 de agosto de 2012

Lua de Fel - Um pouco de Roman Polanski

Roman Polanski
Não se pode dizer que a vida e a obra de Roman Polanski tenham sido pacatas. Longe disso. Notório por sua tragédia pessoal em 1969, quando sua esposa, Sharon Tate, grávida, foi brutalmente assassinada pelos seguidores do psicopata Charles Manson e depois por seu envolvimento sexual com menores ainda nos anos 70, o que lhe causou a reclusão na Suiça e sua impossibilidade de voltar aos EUA sob o risco de ser preso. Com uma vida pessoal tão conturbada, não poderia refletir melhor sua obra como diretor como no sensacional Lua de Fel, de 1992.
Não é o mais premiado filme de Polanski. Ele venceu o Oscar em 2002 com o seu "O Pianista", que não pode comparecer para receber a estatueta para não ter que apreciá-la atrás das grades. Ao contrário também da maioria das críticas sobre o filme, minha visão sobre ele vêm de assisti-lo no lançamento e depois reassistí-lo várias vezes, e cada uma delas com uma percepção da historia. Ou eu mudei no meio do caminho ou não tinha visto tudo que teria que ver ou imaginar ver.
Lua de Fel é uma viagem para dentro dos enigmas do amor e dos relacionamentos.Chega às vezes a ser doentio e, por isso, cruel como a realidade.
O filme gira em torno de dois casais: Nigel e Fiona (Hugh Grant e Kristin Scott Thomas) e Oscar e Mimi (Peter Coyote e Emmanuelle Seigner) a bordo de um cruzeiro marítimo. Oscar é um escritor paraplégico, casado com a estonteante Mimi. Antes de tudo, o filme é uma viagem para dentro do amor, em todas as suas formas, inclusive a forma psicopata. Nigel fica enlouquecido pela mulher de Oscar, Mimi, e este percebe e aproveita para contar-lhe sobre sua vida com ela. Como se conheceram e como viveram o amor, a paixão, a loucura, a decadência do relacionamento em todos seus detalhes mais íntimos, que vão sendo mostrados em flashbacks. Durante todo filme é possível ver todas as facetas que o amor pode assumir e, mesmo assim, manter unidos um casal. Seja pela paixão, seja pelo rancor, seja pela loucura. Mas ele está lá, o que os torna inseparáveis e ilimitados na sua concepção, prontos para tudo que o mantenha aceso. Para Oscar, é mais um capítulo de uma historia. Para Nigel e fiona, é a despedida de seus lados pudicos e o abraço de seus lados pervertidos, como somente Polanski saberia narrar e conduzir ao seu final surpreendente.
Destaque para a música incidental de Fausto Fawcett com sua "Katia Flavia", que faz parte da trilha sonora do filme.

Não recomendado para os que acham que o amor é um conto de fadas.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

O Sonho de Titia - Curta brasileiro


O Sonho de Titia from Fernando Marron on Vimeo.


Mais um curta metragem brasileiro, gênero muito produtivo, mas pouco difundido.

Sinopse: Depois de uma noite de rebeldia, amor e divagações literárias, Keyla decide que vai pedir a mão do namorado em casamento. Mas no mesmo dia, algo inesperado se passa com a tia dele.

Roteiro e Direção: Bel Mercês e Paula Szutan
Direção de Fotografia: Fernando Marron
Cenógrafo: Julinho Dojcsar
Figurino: Eliana Ruth

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Panis Et Circensis

Por quê Panis Et Circensis? o "Pão e Circo para o povo"
Somos crianças, sabemos o mundo. Então tudo que precisamos e sempre precisaremos é o pão nosso de cada dia e nos dái hoje o circo! Sim! porque é o circo que nos alimenta para o novo dia. Quem gosta de realidade nua e crua são os filósofos, os hermeneutas, os epistemologistas! Falei complicado? São os caras que desvendam a crueldade de viver. O cotidiano que você presencia quando o carro da frente não anda, ou o ônibus está lotado justo no dia que você dormiu mal.
É debaixo dessa lona de circo que se vive a vida. É debaixo dela que você se transforma em espetáculo ou espectador. Ou, se for inteligente, como não sou, nos dois. Espetáculo e espectador. Eu escolhi o último, por ser da minha natureza observadora. Ou por não ter saco pra ser espetáculo.
Então, ser pão ou ser circo, eis a questão! Escolha você.

sábado, 30 de abril de 2011

Reflex under an imaginary mirror

Traduzindo, "Reflexos num espelho imaginário". Pensei nesse título pela lembrança de um filme bem Sessão da Tarde que eu vi um dia desses nesses telecines da vida. O filme chama-se "Dança Comigo?", com o Richard Gere e Susan Sarandon, esta última que faz a ponte para esse post numa das cenas do filme, onde ela diz ao detetive que contratou pra espionar seu marido uma frase que é o tema desse post.
Ela diz algo como:

- Sabe porque nos relacionamos/casamos? Para que tenhamos uma testemunha de nossa existencia.

E isso é fato. Assim como o artista que diz que não espera aplaudos exerce a infinita hipocrisia, nós não vivemos por nós mesmos, pobres primatas, senão pelo feedback do mundo que nos cerca.

Precisamos sim da conquista, seja ela qual for. E dela o fim derradeiro, o aplauso das testemunhas que viram essa sua conquista.

De nada valeria viver sem que alguém pudesse testemunhar, mesmo que silenciosamente, cada passo que andamos pra frente. E isso que faz com que um relacionamento, segundo Susan Sarandon, seja verdadeiro. Tudo o mais é perfumaria, a casca do abacaxi, que esconde seu doce suco a esbaldar pelos cantos da boca a cada mordida.

Lidar com a casca do abacaxi é que torna a coisa dificil.

E depois de tudo, eu pergunto: Você está pronto para ter sua existencia testemunhada?


(Post ainda a ser editado, conforme a reflexão interna ou a do espelho do banheiro mude alguma coisa acerca)

sexta-feira, 8 de maio de 2009

manifesto etílico

O mundo mudou e esse lugar onde fala-se corretamente, debate-se idéias e não picuinhas do BBB 2065, onde o interesse é mais real e menos fútil, onde caráter e respeito não importam e sim ser malako, Djow! Nóis pega as mina e pá, tá ligago? Nóis xera, nóis fuma, nóis comanda as parada na .45, brow!

A regra (moderna) é clara! pra se dar bem, acasalar, ter companhia, descolar um bom emprego, ter grana, etc, tem que virar imbecil!

Num país sem auto-estima, em que as crianças se espelham não mais nos pais, mas em jogadores de futebol, políticos ou traficantes, não é de se esperar que saibam ler ou escrever!!!!

Um país em que caráter é coisa de fracos, incompetentes. Em que não tem espaço pra quem não sabe pisar na cabeça de alguém. E onde se dá bem quem é malandro. Quem está por cima. Quem comanda o "pedaço"

Exigir dessa brasilidade moderna que escrevam certo, que dêem lugar pra idosos no metrô, que não furem fila pra mostrar pra aquela "gatenha" o Malandrex 500Mg que toma todo dia, que não vendam a alma ao diabo pelos R$0,50 errados no troco recebido, é exigir algo que talvez não exista mais.

Os remanescentes desse mundo estão se tornando minoria. E eu espero não estar vivo quando a arte, a cultura, o cinema e a literatura, a bondade e, principalmente, a civilidade dentre tantas outras manifestações do intelecto humano, ficarem restritas a um gueto.

Eu, particularmente, não me surpreendo mais.


Nota pessoal filosófica: Exigir é sempre um exercício de avaliação de quem pode e quem é. Num "mea culpa" exijo um brasileiro melhor. No outro me avalio como merecedor da condição de exigir alguma coisa. Serei eu mesmo um bom brasileiro??

sábado, 17 de janeiro de 2009

Jantar romântico.

A pergunta surgiu numa comunidade do Orkut que participo. E o tema era "como não passar vergonha". Segue meu post na íntegra.

"Vamos ser realistas. Um homem fazendo um jantar romântico com acerto de 100% em todos os quesitos seria meio estranho. (todos os questionamentos abaixo têm seus poréns)

- Dificil um homem que more sozinho e sua casa seja sempre arrumada, decorada, com panelas brilhando, as coisas todas no lugar, etc... Confesso que se eu visitasse um amigo e fosse desse jeito eu acharia estranho....

- Jantar romântico normalmente é só pretexto. O interesse masculino é outro e eu sei bem qual é por pertencer à classe.

- Quando rola a quimica, não precisa desse "ritual da corte à fêmea". Um miojo a dois pode tornar-se um momento inesquecível. Não é o jantar e sim o "A2". Cumplicidade, entendem??

- Se não rola a química, pode fazer o melhor prato do mundo, digno de qualquer chef francês. Vai dormir na punheta. Isso se ela não te achar viado por causa de tanto acerto.

- Se o objetivo é apenas o "abate", restaurante é a melhor escolha. Vista-se bem, use um bom perfume (212 é sempe uma boa escolha), faça toda a cena necessária.

- Se o objetivo for relacionamento a longo prazo, esqueça a cafajestagem. Ela funciona pro "abate" mas um dia a casa cai (homens). Pras mulheres, esqueçam as neuras. Se o cara é só um bonitão que vc quer "abater", faça o jogo.
Se for a longo prazo, encare o miojo como um banquete. Tudo "A2" é muito bom.

Dá pra fazer um jantar romântico em casa sem passar vergonha? Sim, dá!!
Depende de quem vem pra jantar, ou ser jantada. "

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

O velho caudilho contra a crise mundial

Chuvas e tempestade numa tarde vazia de verão. Raios cortam o céu numa luz fascinante e assustadora sobre São Borja.
De repente, um raio desce à terra. E atinge logo o túmulo do velho caudilho.
Sim, ele mesmo! Leonel Brizola. Aquele do finado PDT.
Como num conto sobre Frankenstein, a eletrecidade dos céus dá vida a um morto. E logo a quem!

Saindo de sua tumba, o caudilho logo procura o primeiro palanque.

Achou que estava tudo errado porque não havia seus correligionários por ali. Apenas umas cruzes e um som sombrio das árvores. Percebeu então que tinha passado dessa pra melhor. Mas estava de volta.

Leonel então foi pra cidade. E que polvorosa! Os mais novos achavam que era só um velho senhor andando pela praça.

Os mais velhos, ao reconhecerem a figura, faziam o sinal da cruz.
Seria o apocalipse?

Improvisou a caçamba de um caminhão estacionado por ali para começar seu discurso de volta ao mundo e à politica.

- Meu povo, compreende? Eu voltei para fazer desse país uma nação, compreende?

E o povo começou a se aglomerar. Que seria aquilo, ali no meio da praça de São Borja?

- Vou acabar com os corruptos, os ladrões desse país. Vou melhorar a educação, a saúde, o transporte e blá blá blá

Até esse momento de discurso básico de qualquer político, o povo só bocejava e ouvia.

- Vou acabar com a inflação galopante deste país, tchê.

Neste momento alguém lá no meio do povão levantou a mão e disse:

- Brizola, não temos mais inflação.

- Como? deixa eu terminar meu comício, guri - E continuou...

- Não vamos mais depender do FMI e acertar a dívida externa desse país!

- Brizola, não dependemos mais do FMI e a dívida externa está sob controle - novamente interveio o presente.

- Mas bah, isso não pode ser verdade. Então vou dar fim à esquerda desse país, que só atrapalha o desenvolvimento.

- Desculpa, Brizola. A esquerda está no poder. Se bem que disfarçada de neoliberal.

- Nãããoooo! Como assim, esquerda neoliberal? Sem inflação e sem FMI, com a dívida externa sob controle?

- Pois é, Brizola. Você esteve um tempo fora... sabe como é. Está desatualizado.

- Mas bah! Não entendo mais nada. Se está assim, quem é o presidente do país agora?

- Errr.... Lula. E no segundo mandato....

- O QUE??? ME LEVEM DE VOLTA PRA TUMBA, AGORA!!

sábado, 3 de janeiro de 2009

Dilema sobre a felicidade ou a obscuridade

Como diria Raulzito mais ou menos assim, já que não lembro a frase correta:
"Que pena que eu não seja burro. Ai não sofreria tanto"

A tradução mais correta disso talvez seja:
"Que pena que eu possa ver o óbvio. E ver no ser humano tanto horror e iniquidade, a ponto de tudo explodir (Citação explícita de Geni e o Zepellin - Chico Buarque)

Ver o óbvio é despir-se dos falsos deuses do cotidiano. É afastar-se do deus dinheiro, do deus fama, do deus "olhem pra mim!!! sou o máximo que eu mesmo não consigo acreditar. Então joguem flores no meu caminho. Para que eu possa me sentir gente"

E muita gente joga flores no caminho de muita gente. É a necessidade de acreditar.
E os fanfarrões de plantão colhem suas flores. E manipulam os floristas para que lhes dêem sempre pétalas no caminho.

Portanto, cuidado com o dilema!!!

Você prefere ser burro ou sofrer?

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

A galinha escandalosa

Quem nunca viu um galinheiro, que se cuide! Um galinheiro é uma maquete da sociedade humana. E lá, haverá sempre uma galinha escandalosa.
Mas o que é, necessariamente, uma galinha escandalosa?
É a galinha que não conquistou o terreiro. É a galinha que não tem auto-estima e precisa sempre de um escandalo pra se fazer notar.
Um olhar mais atento vai perceber que essa galinha não tem competência alguma pra estar no galinheiro. E que usa e abusa do escandalo pra ver-se notada.
Ela parte do princípio de que galinha que não faz escandalo não tem vez no galinheiro.
E assim ela, ao invés de botar seus ovos, se preocupa mais com o escandalo e em ser notada, que com os ovos em sí.
Você conhece alguma galinha escandalosa? Eu conheço várias...

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Reinvente o óbvio

Adoro a modernidade. O século XXI e sua busca por carros voadores, robôs quase humanos, sonhados pelos escritores de ficção científica do século passado. Mas quem eram eles mesmo? Tão antiquados.... Isso não combina com nossa era tão moderna!
Olhamos agora só para frente.
Pra trás é que não se anda e nem se deve, sim senhor!
A ordem agora é correr. O mundo moderno exige e ai de você se parar para pensar ou respirar.
Invente, modernize, estamos no século XXI. Não pare pra nada.
Corra, mate e morra.

E quando quiser ser genial, troque as cores do passado e venda a album boçal. Reinvente o óbvio.

E quando dormir, agarre o travesseiro bem forte.
E boa noite.