quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

A galinha escandalosa

Quem nunca viu um galinheiro, que se cuide! Um galinheiro é uma maquete da sociedade humana. E lá, haverá sempre uma galinha escandalosa.
Mas o que é, necessariamente, uma galinha escandalosa?
É a galinha que não conquistou o terreiro. É a galinha que não tem auto-estima e precisa sempre de um escandalo pra se fazer notar.
Um olhar mais atento vai perceber que essa galinha não tem competência alguma pra estar no galinheiro. E que usa e abusa do escandalo pra ver-se notada.
Ela parte do princípio de que galinha que não faz escandalo não tem vez no galinheiro.
E assim ela, ao invés de botar seus ovos, se preocupa mais com o escandalo e em ser notada, que com os ovos em sí.
Você conhece alguma galinha escandalosa? Eu conheço várias...

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Reinvente o óbvio

Adoro a modernidade. O século XXI e sua busca por carros voadores, robôs quase humanos, sonhados pelos escritores de ficção científica do século passado. Mas quem eram eles mesmo? Tão antiquados.... Isso não combina com nossa era tão moderna!
Olhamos agora só para frente.
Pra trás é que não se anda e nem se deve, sim senhor!
A ordem agora é correr. O mundo moderno exige e ai de você se parar para pensar ou respirar.
Invente, modernize, estamos no século XXI. Não pare pra nada.
Corra, mate e morra.

E quando quiser ser genial, troque as cores do passado e venda a album boçal. Reinvente o óbvio.

E quando dormir, agarre o travesseiro bem forte.
E boa noite.

sábado, 6 de setembro de 2008

Sobre aniversários e ficar "velho"

Claro, algumas pessoas sabem que na vidada da meia-noite será sete de setembro. Além do Dia da Independência do Brasil, esse cara aqui fará aniversário.
E, teoricamente, ficará mais velho. Oras... eu sempre fui um cara estranho pra essa data.
Ficarei mesmo mais velho à meia-noite? Eu creio que não! Tenho ficado mais velho a cada segundo desde que nasci.
A data do aniversário é apenas pra se ter uma cronologia contada, marcada, de acordo com o nosso calendário gregoriano. E pra muitos, comemorar, fazer festa, reunir os amigos (alguns afastados durante os outros 364 dias do ano). Acho válido. Mas não é muito meu estilo. Gosto mais dos amigos que abraçam o ano inteiro.
Meu aniversário mais ou menos coincide com o Yom Kipur (data judaica). E eu que não sou judeu!
E, claro, não sigo a tradição. Mas, conversando com um amigo judeu uma vez, ele disse que é nessa época que Du´s abre seu livro e manda uma "chamada oral" pra ver como foi seu comportamento durante o ano.
Analogias a parte, eu me reciclo perto do meu aniversário desde que me conheço por gente.
Revejo meus projetos de vida, meus amigos, minha própria consciência. É dela que tenho medo.
Olho pra trás e vejo se fui alguma vez mesquinho, egoísta, se, nos momentos de tensão optei por ser evoluido ou chutar o pau da barraca e olhar só pro meu umbigo.
Olho pra trás pra conseguir ver uma trajetória e saber onde estou e quem sou. E dar o passo seguinte sem medo de ser feliz.
Du´s pode ou não existir, mas como consciência, ela me cobra todos os dias. E por ai vou caminhando.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Homicídios e a mídia

[...Uma mulher de 41 anos foi presa após ter atirado a própria filha do sexto andar de um prédio no Centro de Coritiba (PR). O crime aconteceu na noite de segunda-feira (30). A criança de oito meses caiu de uma altura de 20 metros e morreu na hora.]

O casal Nardoni está sendo julgado após um estardalhaço na mídia digno de novela global.
Não vi nenhuma TV de plantão 24 horas na porta da casa da tal enfermeira e nem cobertura exaustiva da mídia e muito menos manifestações na porta do prédio.

Será que é porque esse tipo de homicídio já virou rotina?

terça-feira, 1 de julho de 2008

Sobre a nova "lei seca" para os motoristas

No embalo da discussão da semana, pude observar diversas e contrastantes opiniões sobre essa nova lei. Se pega, não pega, vai gerar corrupção, é bem-vinda, maquina de gerar dinheiro, etc...
Das que mais ouço o valor da multa vem ali, empatado com a discussão sobre a corrupção pelos policias que vão levar algum pra liberar o cachaceiro.
Aí fico admirado como o brasileiro, esse povo incorruptível quando está do outro lado, o do extorquido, nunca para de pensar com essa mentalidade da corrupção, o de se dar bem e de ser facilmente corrompido. O foco não é a lei em sí mas os absurdos que vão gerar. Parte-se do princípio de que ninguém vai parar de encher a lata e depois dirigir. Dai a perplexidade dessas pessoas.
Se a questão é o valor da multa, porquê questioná-la se não vou beber? Se não vamos beber e dirigir, porque essa perplexidade?
Mas se nosso espírito brasileiro pensa demais nessa tal multa, achando absurdo, no fundo querendo que ela custasse apenas uns R10,00, é porque nosso desejo é mesmo trasgredir a lei, corrompê-la, seja pagando baratinho pra ficar de fogo ou soltando um por fora pro guarda nos deixar ir embora.

O inconformismo deveria vir não desses pontos de vista, que carregam no fundo essa alma brasileira corrupta, mas sim de aplicação efetiva da lei e para todos.
O remédio é amargo, eu sei, mas sem essa dose cavalar, continuaríamos a beber, matar ao volante e ficarmos impunes e de consciência limpa. Afinal, quem morre em acidente só é ser humano pros parentes e conhecidos. Pro resto, a quem muitos acham que isso nunca vai acontecer, é apenas notícia de jornal em algum lugar longe...

domingo, 29 de junho de 2008

São Paulo

Tem dias que eu digo "não"
Inverno no meu coração
Meu mundo está em tua mão
Frio e garôa na escuridão...

Sem São Paulo
O meu dono é a solidão
Diga "sim"
Que eu digo "não"...(2x)

Tem dias que eu digo "não"
Inverno no meu coração
Meu mundo está em tua mão
Frio e garôa na escuridão...

Sem São Paulo
Oh! Oh! Oh!
O meu dono é a solidão
Diga "sim"
Que eu digo "não"...(2x)

Quem é seu dono?
Ninguém, São Paulo
Quem é seu dono?
Ninguém, São Paulo...

Tem dias que eu digo "não"
Inverno no meu coração
Meu mundo está em tua mão
Frio e garôa na escuridão...

Sem São Paulo
O meu dono é a solidão
Diga "sim"
Que eu digo "não"...(2x)

Desperta São Paulo!
Desperta São Paulo!

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Can u see the light?

Cego, morto há cerca de um mês. Branco, bluesman e genial.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Dia dos namorados

Sem precisar de palavras. Apenas um vídeo que diz tudo.

domingo, 8 de junho de 2008

Altas Horas

Passa uma nova cantora que foi anunciada minutos antes como uma revelação e etc e tal.
E avalizada por um ícone da MPB chamado Milton Nascimento.
Sinceridade, mesmo com uma música de Max de Castro, eu não achei lá essas coisas.
Fora que eu achei que ia ter uma canja do Milton. E não teve. Ele foi lá só pra ficar sentadinho num banquinho enquanto ela desfiava elogios a ele e este avalizar, dar seu carimbo para que a música de repente apareça numa novela global das 20h.
Viva o Jabá!

domingo, 1 de junho de 2008

Da série "Crônicas Aleatórias", Embaixador...

Sebastião Aprigio. Era seu nome verdadeiro. Só o ouvia assim quando numa geral da polícia. No mais era o Tião carroceiro. Aquele que, no sobe e desce de São Paulo, levava papelão e qualquer tipo de lixo que pudesse ser reciclado ou vendido pelo intermediador.
Ao lado o fiel Embaixador. Palavra que nunca soubera o significado. Ouvira uma vez quando um bacana desceu de um carrão e achou que era coisa importante.
E seu cão era digno de receber tal nome, pois era sua companhia 24 horas. Fiel a dormir embaixo da carroça sob o viaduto e falsas estrelas do céu de São Paulo.

Tião era assim. Sobe e desce pelas ruas, catador do lixo deixado pelos abastados.
E olhando pra eles pensava: Um dia chego lá!

Já Embaixador era preguiçoso! Nem gostava muito de acompanhar Tião. Ia na carroça latindo pros engravatados que passavam, garboso, como se fosse mesmo um membro do Itamaraty.

Um dia Tião, parado em frente a uma Casa Lotérica, ouviu Embaixador latir como nunca tinha feito antes. De preguiçoso passou a agitado, abanando o rabo em polvorosa como quem quisesse dizer alguma coisa.

Tião, que o conhecia como ninguém, achou que Embaixador estava dizendo que ele deveria jogar, mas relutou.

- Ora, Cão! Isso é coisa de quem acha que a vida vem fácil!

Mas Embaixador continuou a latir até que Tião, com seus R$1,50 de um dia fraco, entrou na casa lotérica.
Mal sabia ler ou escrever e então pegou um volante da Mega-Sena e marcou números aleatoriamente e entregou ao caixa.

- R$1,50, senhor.

Tião entregou e pegou o comprovante. Guardou na sua humilde carteira de plástico, que também guardava seus documentos e uma foto amarelada de quando era criança.

Com dor no coração pelos suados trocados, partiu para recolher mais papelão pelas ruas. Desceu a Brigadeiro (Luiz Antonio) com Embaixador a bordo.

- Pera, dotô! Dá passagem. Nunca viu Mercedes não?

Com seu bom-humor, seguiu em frente. Parou numa esquina amontoada de lixo, que começou a revirar em busca do que pudesse ser aproveitado.

Embaixador latiu...

- Dá o dinheiro, vagabundo.
- Tenho dinheiro não.
- Dá o dinheiro, filho-da-puta, passa logo!

Embaixador ainda tentou morder o moleque drogado com uma faca na mão.

Tarde demais. O sangue descia pelo corpo maltratado. Ainda deu tempo de ver o resto de sol pálido se pondo antes de encerrar a luz.

Embaixador ainda tentou acordar em vão seu amigo rodeando e roçando a pata em seu rosto.

Longe dali o moleque acendia uma pedra de crack, após jogar a carteira de Tião com o bilhete, mais tarde premiado com 14 milhões, no bueiro.

Da série "Crônicas Aleatórias", O futum maldito...

Pego o elevador com mais quatro meninas. Uma delas uma delicia de mulher.
A situação foda: O almoço já se transformou em gás na minha barriga e quer furar a camada de ozônio a qualquer custo.

Sinto que não vai dar pra segurar a onda, mas tento manter tudo preso e evitar um maldito futum justo no mesmo elevador da gostosa. O jeito vai ser improvisar caso não dê tempo.

Aproveito que estou perto da mais feinha que embarcou e começo a agilizar uma estilosa "bufa".

Uma "carretilha" nessa hora seria pedir demissão imediata e mudar de cidade.

Com jeitinho faço de conta que vou atender o celular e deixo escapar aquele vapor entalado bem devagar, enquanto me mexo fazendo de conta que converso com meu chefe.

10 segundos gravados. É o tempo do futum ser notado. Aos 8s começo a olhar com cara de repreensão para a feinha do meu lado. Os dois segundos seguintes são apenas para perceber mais dois olhares repressores na mesma direção. Inclusive da gostosa.

Nunca tinha visto um rosto ficar vermelho tão depressa. Abre-se a porta do elevador e a feinha sai em disparada. Penso te-la visto ir correndo em direção ao banheiro. A porta se fecha novamente.

- Que saco... podia ter segurado só mais um pouquinho - disparo.

- Também acho, concorda a gostosa num sorriso para mim.

Da série "Crônicas aleatórias"

Meio-dia é o melhor horario pra fazer uma cera em frente ao prédio. Grupos discutindo coisas do trabalho aos borbotões saindo do elevador, ocupando a escada, discutindo idiotices. E, claro, mulheres lindas de se ver passar, ainda mais agora, no verão.

Fumo meu cigarro devagar, apreciando essas peculiaridades que só um momento de descontração do atribulado dia-a-dia permite. E quando se vão, deliciosas, subo novamente para terminar algumas pendências. A fome bate...

Como de costume, desço pra almoçar lá pelas 13h. Um bom horário já que os restaurantes a quilo das redondezas começam a ficar menos movimentados.

Cruzo com elas voltando, felizes depois de um bom almoço a devorar um chocolate comprado na loja do vietnamita maluco da Brigadeiro. Avenida que já tem nome de doce.

Resolvo descer. Hora da minha fome. Após ver, pra variar, um taxista fazendo merda, atravesso a rua e caminho tranquilo.

Eis que, na calçada, um daqueles moradores de rua, um pobre diabo corroído pela maldade da metrópole, me interpela.

- Me ajuda, bacana! me dá um passe!

Naquele momento que, como todo paulistano, nos deparamos com uma realidade crua que está ali, à nossa frente todo dia, olho curioso a figura.

- Me dá um passe, me ajuda!

Sem pensar muito, e para seu espanto, ergo minha mão, faço um sinal da cruz sobre a cabeça do individuo e sigo descendo.

Oras... quarta-feira! dia de feijoada.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Preconceito às avessas?

Não, não é um post sobre racismo ou coisa parecida. Mas uma coisa eu tenho que considerar: Ninguém faz música melhor que negros. Sem generalizar nem desprezar os brancos. Mas quem ouve um som gospel ou spiritual americano cantado por aquelas senhoras a la Aretha Franklin sabe o que eu digo, ou melhor, o que ouvem quando aquelas gargantas ecoam a melhor soul music que te atinge na alma. E os grandes bluesmen? De Robert Johnson a B.B. King, Joe Coltrane, e o homenageado de hoje:
Dr. Lonnie Smith
Um verdadeiro guru do Hammond B3 (lendário orgão de som inigualável)

terça-feira, 13 de maio de 2008

Atriz global e a bazuca

Leila Lopes, ex-global, faz filme pornô e declara que depois chorou.
Ela mesma escolheu o ator com quem iria "contracenar".
Carlão Bazuca.
Pelo nome do sujeito, até você choraria, caro leitor.

Fonte: Terra

sábado, 10 de maio de 2008

The Black Crowes Forever. E só.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

O Povo Brasileiro

Há muito anos tive a oportunidade de ler, com muito prazer, a obra do antropólogo Darcy Ribeiro e seu "O Povo Brasileiro". Para meu deleite achei no youtube um documentário sobre essa obra, que gosto muito, e leio ou vejo agora com o mesmo prazer da primeira leitura há muitos anos.
Segue um trecho.

Eu gosto dessa parte....

"Assim que os homens começaram a apreciar-se mutuamente e se lhes formou no espírito a idéia de consideração, cada um pretendeu ter direito a ela e não foi mais possível privar ninguém dela impunemente.
Provieram daí os primeiros deveres da civilidadade, mesmo entre os selvagens, e a partir daí qualquer agravo involuntário tornou-se um ultraje porque, com o mal que resultava da injúria, o ofendido nela via o desprezo de sua pessoa, em geral mais insuportável do que o próprio mal.
Foi assim que, punindo cada qual o desprezo que lhe haviam demonstrado de uma maneira proporcional à importância que atribuia a sí mesmo, as vinganças se tornaram terríveis e os homens sanguinários e crueis..."


Discurso Sobre as Origens e os Fundamentos sobre a Desigualdade Entre os Homens - J.J. Rousseau (Ed. Martins Fontes - pg 211)

Câmbio e o vinho chileno

De certa forma o valor do dólar atual me deixa feliz. Posso comprar meus eletrônicos importados a um preço barato.
No supermercado um vinho chileno custa mais barato que um nacional, movido por um Real forte.
Viajar pra Buenos aires sai mais barato que ir pra Salvador ou Recife.
Ai fico pensando: Brasileiro está no céu. Pode massagear o ego de ser bacana, ter uma TV LCD na sala, etc.
"Nosso dinheiro vale muito, bicho! Você ai, gringo, chupa o Real que teu dólar só serve pra limpar a minha bunda".

Ai eu pergunto: Se o vinho chileno é mais barato. Viajar pro exterior é mais barato, e tudo que vem da China é mais barato, não compensa ser Brasil. Então vamos fechar todas as industrias, demitirmos em massa todo setor produtivo do Brasil e fazer um grande churrasco regado a vinho importado, vendo o jogo na TV LCD de 200" com o carro zero de portas abertas rolando um grande pagodão.

Ai quando o Brasil parar, usaremos o resto do grande Real que sobrou da rescisão trabalhista pra limpar a bunda e chorar.

Que tal desonerar o setor produtivo dessa fome tributária e gastona e aproveitar o cambio pra melhorar esse setor produtivo, incentivar a produção nacional e tornar isso aqui um país que anda com as próprias pernas?

Quem sabe assim poderei comprar um bom vinho nacional no supermercado a um preço convidativo e que ajudou a deixar um prato de arroz e feijão na mesa de uma familia brasileira.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Vida paulistana

Viver e morrer em São Paulo. Nada. Viver e viver nessa cidade maluca, onde acorda-se a milhão que às vezes dá cegueira. Não bem uma cegueira. Mas uma falta de visão lateral. Pegamos nossos carros e encaramos o trânsito caótico das manhãs e tardes. Olhamos os ônibus a esfumaçar nossos olhos, a enxurrada de gente indo e vindo com aquela pressa disfarçada de cosmopolita. E nossa visão lateral deixa escapar tanta arte. E se a arte é nosso mundo refeito através de nosso inconformismo, porque ela não está bem a nossa frente? A vida paulistana faz isso. Ter arte por todos os lados e continuarmos a olhar a fumaça do ônibus.
Em tempo, eu sempre olho os graffitis no tunel embaixo da Av. Paulista, logo quando sai da av. Dr. Arnaldo*.


*Post inteiramente paulistano, que só quem mora aqui deve entender.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Já quis ter um blog, falar tudo que penso e o que não penso das coisas que vejo, ouço, raciocino.
Até tive um, que não quis continuar por ser um cara bastante reservado. E continuo.
Por isso não esperem deste blog um desfiar de coisas da minha vida particular.
Aqui é um lugar pra expor idéias.
Espero que dê certo.